O que passa na Netflix? Love, Death & Robots

     
     Para mim, uma grata surpresa no catálogo da Netflix. A série conta histórias bastante dinâmicas, tanto em seu estilo de produção quanto em temas: de desenhos que lembram infográficos até belíssimas animações ultrarrealistas capazes de confundir os olhos de quem assiste (is this real life?). De histórias engraçadas até violência gráfica e nudez explícita. Sim, e quem já deu uma conferida na sua página da Netflix sabe, este conjunto de animações, por assim dizer, é para maiores de 18 anos. Além disso também é perfeita para maratonar, já que tem 18 episódios com cerca de 12 minutos cada.

    A dinâmica que os episódios levam pode até lembrar um pouco o estilo de Black Mirror, onde cada um deles tem um tema diferente e muitas vezes um estilo próprio. É aqui que entra a cara de Love, Death & Robots: pelo fato dos episódios serem animados a imaginação é o limite aqui. Ainda mais quando se vê nitidamente que cada um deles é feito com seu próprio estilo de animação e creio que até mesmo pelo seu próprio estúdio, por serem tão destoantes uns dos outros. Outra comparação inevitável é com Rick and Morty, isso pela sua violência gráfica absurda que chega a causar certa repulsa, ainda mais quando está presente nos episódios com animações realistas, que na minha opinião é onde ela brilha de verdade. De qualquer forma, não se engane, comparações são inevitáveis, mas Love, Death & Robots tem seu próprio ritmo.
    
    O que mais chama atenção logo de cara são seus temas mais pesados, muitas vezes sugestivos, e o primeiro episódio (A Vantagem de Sonnie) ilustra bem o estilo da série. Nele já vemos lutas de criaturas monstruosas jorrando sangue e também cenas que deixariam você com vergonha de assistir na frente dos seus pais. O que achei bastante interessante mesmo no primeiro episódio foi que o enredo da trama não se preocupa em explicar o contexto do que está acontecendo e isso se repete nos diferentes mundos que são mostrados. 

     Cada episódio tem uma história bastante dinâmica em que você conhece o lugar e os personagens no decorrer da história mesmo. Não posso deixar de admitir que senti uma leve falta de contexto em alguns episódios. Pela curta duração em alguns momentos não conseguir sentir empatia pelos personagens e senti que acabou-se sem muita emoção, vide os episódios Noite de Pescaria, Ponto Cego e Era do Gelo. Ao mesmo tempo que essa falta de contexto gera bastante tensão num dos episódios mais bonitos graficamente (e também um dos mais malucos) o A Testemunha.

     Voltando para a sequência da série, no segundo episódio (Os Três Robôs) já temos uma quebra na tensão que é apresentada no anterior pra um ambiente muito bem humorado em que os tais três robôs estão descobrindo mais sobre uma civilização anterior em uma cidade abandonada. Num primeiro momento imaginei que as histórias iriam se conectar de alguma forma, mesmo que subliminar, mas creio que não haja conexão entre nenhuma das histórias. A única ligação real entre alguns deles são os gatos. Sim, gatos. Aparentemente o bom humor dos criadores sempre envolve algo ligado a internet, provavelmente para se conectar com o público ao qual creio ser direcionada: os jovens adultos que acompanharam e entendem as piadas que nasceram na internet.

     Entre estes episódios mais humorísticos também senti que alguns deles foram criados somente para chamar a atenção e não entregam nada de muito interessante, entre eles cito Quando o Iogurte Assumiu o Controle e Histórias Alternativas. Ambos tem belas animações estilizadas, porém com piadas bastante sem graça dignas do tio do pavê. Por coincidência são os episódios mais curtos também, com cerca de 6 minutos cada. 

    Por fim, quero destacar dois dos episódios que achei mais interessantes: Para Além da Fenda de Aquila e Ajudinha. Pensando bem, vejo agora que talvez eu tenha uma predileção por temas espaciais, já que ambos estão nessa linha. Os dois geram bastante tensão em quem assiste, ambos com aquele quê de suspense espacial. Destaco também o episódio Zima Blue, principalmente pelos seus toques de ironia do começo ao fim.

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